Amar é importante.
Sentir o amor,sentir-se amado é importante.
O grande mal que atinge o mundo é a ausência daquilo que
chamamos o maior de todos os sentimentos e a maior
dentre todas as coisas.
Não falo aqui do amor carnal,
embora este entre em conta na contabilidade da felicidade
de cada um de nós.
O que falo é no amor que gera a atenção,
aquele devido e reclamado por cada ser,
mas mais reclamado que tudo,como se o dar não fizesse parte do
acordo implícito em cada relação humana.
As pessoas desinteressam-se das outras,
porque dizem-se ter o suficiente com os próprios problemas.
E o têm, provavelmente.
Mas o que gera o isolamento, a solidão temida,
é justamente querer receber aquilo que nos recusamos a dar.
O que falta é a atenção necessária ao outro para sentir-se,pelo menos,
ouvido e parte integrante na roda da vida.
Cada um fala por si e poucos são os que se importam realmente
com que o outro diz, com seus reais sentimentos, suas reais razões.
Muitas e muitas vezes quando um fala, o outro já está
preparando-se para dizer, sem ponderar,
aquilo que ele mesmo pensa ou sente.
Pessoas tornam-se assim,surdas às outras, porque só conseguem
ouvir a voz do próprio egoísmo, não por maldade,
mas pelo apelo das próprias necessidades.
Pessoas juntas sentem-se sozinhas, casais unidos pela vida
sentem-se abandonados, amigos criam relações superficiais,
pais e filhos distanciam-se. Olhar nos olhos do outro é importante.
Perceber a dor ou a felicidade e compartilhar dela é fundamental ao
outro na sua necessidade de se sentir amado.
Poucos, raros mesmo, são os que param o que estão
fazendo quando o companheiro, amigo ou colega de trabalho precisam falar.
Parte do que se diz fica desconectada no ar e a outra parte, invariáveis vezes, esquecidas depois. Numa fração de segundo a frase "do que mesmo estávamos falando?" pode entrar na conversa, deixar um sem ação e o outro sem graça. A atenção dada ou recebida faz parte do tratamento e da cura
dos males que tomam conta do mundo, ela reforça relações,
cria laços, solda, une e faz bem. Não ouvimos Deus porque não queremos ouvir, porque, quem sabe, o que Ele quer nos dizer nos desagrada e contraria, mas Ele fala e só percebemos isso depois com o infalível
"eu sabia que nos fere como um punhal. Não somos ouvidos por Ele porque
não abrimos inteiramente nosso eu, temos sempre pressa,
estamos sempre ocupados. Entre Deus e nós e entre nós e os outros somos os que definimos o tipo de relação que temos. Podemos colocar o primeiro
tijolo ou esperar que alguém o faça. Porém a ordem com que
este é colocado influencia e determina cada um dos nossos passos e abre ou fecha para nós as portas do paraíso.